A pedalada nos
Andes Peruanos é caracterizada pelas intermináveis subidas
e claro, descidas velozes beirando os 80 km/h em altitudes que ultrapassam
os 4000 metros, muito sol e alguma chuva ocasional passageira. O clima
é seco e a vegetação rasteira se mistura com
alguns tipos de árvores como o eucalipto. As montanhas nevadas
e o azul Lago Titicaca tornam o visual muito colorido. Foram 630 km
entre Cuzco até Tiquina na fronteira com a Bolívia por
estradas bem asfaltadas costeando também o Lago Titicaca. Nesta
primeira etapa dormi quase todas as noites em alojamentos vagabundos
que são bem baratos evitando o frio intenso da noite e o perigo
de assalto que no Peru parece ser bastante comum.
O Peru é um país pobre onde até criancinhas de
5 anos costumam pedir dinheiro e o pessoal é muito curioso
sempre ao redor puxando conversa nos pequenos pueblos. A comida é
barata e não se deve beber água da torneira sem antes
purificá-la. Cuidado com a carteira nas cidades.
As cidades com exceção de Cuzco no geral são
feias e mal cheirosas, cheias de gente e grande poluição
causada pelos veículos.
Porém o Peru se tratando da natureza é um lindo e exótico
país de população indígena que conserva
seus antigos hábitos e culturas em festas e desfiles coloridos.
Neste início de jornada pensei já exausto que ainda
teria mais uns 6000 km para percorrer.

Minha primeira
noite sozinho na estrada.
Logo no primeiro
dia encontrei um clicloturista francês seguindo na mesma direção
e seguimos juntos por dois três dias. Fui na conversa do cara
que após um assalto em lima, estava cabreiro com os locais.
Como os alojamentos no Peru são baratos e é bem mais
seguro como costumam dizer, concordei com a idéia. Certo dia
cansado da função de tirar as coisas da bike para o
quarto e ainda gastar grana pra dormir em alojamentos vagabundos e
sujos, decidi seguir em frente sozinho. Nesse dia cheguei numas casas
a beira da estrada e pedi pousada. Me deixaram dormir dentro de um
galpão e ainda me deram um pedaço de carne para colocar
na minha pobre sopa rala. Ta certo que o conforto ali foi zero pois
acabei chão de um galpão muito rústico com peles
de vaca dependuradas e tocas de ratos peporém a experiência
de conhecer a gente daquele lugar e sua hospitalidade me fez mais
feliz naquele dia e dali em diante começei a ficar mais tranquilo
em relação a procurar lugares seguros para dormir sem
pagar nada. Ainda encontrei o amigo francês outro dia pelo caminho
mas logo nossos ritmos de pedalada fizeram a gente se afastar para
não mais nos encontrarmos.

2000
- 2012 - Andes no Pedal - andesnopedal@hotmail.com
www.zorek.com.br